Saramago: "Na morte a cegueira é igual para todos"



"O escritor português e Prémio Nobel da Literatura em 1998 José Saramago morreu hoje aos 87 anos em Lanzarote."

Goste-se ou não José Saramago deixa muitas ideias e reflexões, não só nos seus livros mas nos inúmeros discursos públicos que proferiu.

A ele Portugal agradece tão distinto prémio como o Nobel da Literatura (1998).

Quero ler Caim (2009), não porque acredito ou deixo de acreditar mas pela forma de uma escrita rebelde e irreverente que aprecio e penso ser das ferramentas mais preciosas para este mundo progredir e rever atitudes.. através da palavra e principalmente da comunicação.


Obras para conhecer o Nobel português de Literatura:

"Memorial do Convento" (1982)

“Certamente o mais celebrado, estudado e discutido dos romances de Saramago”, diz Carlos Reis. “Um romance histórico inovador no contexto da literatura mundial”, escreveu José Luís Peixoto no “JL”. A ópera Blimunda com música do italiano Azio Corghi tem por base este romance.

"O Evangelho segundo Jesus Cristo" (1991)

“O Evangelho segundo Jesus Cristo contém uma história que todos conhecemos. E contém cenas e afirmações que há alguns anos atrás teriam lançado o autor na fogueira, sem direito a sepulcro. O escritor toma para si liberdades que são a substância da criação, e comporta-se, na invenção do seu mundo, como Deus. Este é o evangelho segundo Saramago...” escreveu, à época, Clara Ferreira Alves, no “Expresso”. O romance foi cortado da lista dos concorrentes ao Prémio Literário Europeu, pelo então Subsecretário de Estado da Cultura, Sousa Lara.

"Ensaio sobre A Cegueira" (1995)

“Quase em ritmo e registo de ficção científica, Ensaio sobre a Cegueira mantém, na escrita de José Saramago e na sua aventura romanesca, uma dimensão rara e singular na actual literatura portuguesa: a constante demanda de um laço que prenda o romance à arte de questionar e que, daí, exija o lugar de uma ética mais profunda que a própria arte de pensar. Como se o romance fosse, e nunca tivesse deixado de ser, uma interrogação sobre o mundo como ele é e como ele devia ser.”, escreveu na altura Francisco José Viegas na “Visão”. “Ensaio sobre a Cegueira, de alguma forma representou o início de uma nova fase na obra de Saramago. E, decerto não por acaso, foi depois dele que se passou a falar ainda mais da grande possibilidade de, com inteira justiça, lhe ser atribuído o Nobel”, escreveu no “JL” José Carlos de Vasconcelos. Foi adaptado ao cinema por Fernando Meireles.

in Público


"As religiões, todas elas, por mais voltas que lhes dermos, não têm outra justificação para existir que não seja a morte, precisam dela como do pão para a boca.” (‘As Intermitências da Morte’)

“Um escritor é um homem como os outros: sonha.” (‘José Saramago: il bagaglio dello scrittore’)

"Eu, no fundo, não invento nada. Sou apenas alguém que se limita a levantar uma pedra e a pôr à vista o que está por baixo. Não é minha culpa se de vez em quando me saem monstros." (Lusa, 2007)

- "Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor." (‘Veja’, 2004)

"O universo não tem notícia da nossa existência." (‘Público’, 2005)

“A grande prova de sabedoria é ter presente que mesmo os sentimentos devem saber administrar o tempo.” (‘História do Cerco de Lisboa’

"Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe" (‘A Caverna’)

- “A solidão não é viver só, a solidão é não sermos capazes de fazer companhia a alguém ou a alguma coisa que está dentro de nós” (‘Ano da Morte de Ricardo Reis’)

"Não se pode trabalhar num esgoto sem cheirar a esgoto" (‘A Noite’)

"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa somos nós" (‘Ensaio Sobre a Cegueira’)

"A vida é assim, faz-se muito de coisas que acabam, Também se faz de coisas que principiam, Nunca são as mesmas." (‘A Caverna’)


"Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos, façamos tudo para não viver inteiramente como animais." (‘Ensaio Sobre a Cegueira’)

in Correio da Manhã

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