Marta Gautier: a sempre genial

"P.S. em relação à noite de ontem - E quando, dentro de mim, os critiquei e senti ódio e raiva e deixei que tudo isto viesse ao de cima em vez de reprimir, em vez de fingir que sou só boazinha, ao trazer e observar à luz todos estes sentimentos em vez de os manter no escuro do inconsciente, ao ir ao âmago do entendimento destes sentimentos, percebi então, humildemente, que tudo aquilo que critico nos outros, tenho em mim, e mais: todo o ódio e raiva que sinto pelos outros e pelas suas limitações que me fazem sofrer, tenho-as comigo. Eu mesma sou aquilo. Parece que não sou, mas sou. Apenas consigo disfarçar melhor. Então esse ódio pelos outros, não é mais do que a projecção do ódio que tenho por eu mesma ser limitada e cheia de defeitos. Aquilo que exijo ver ser 'reparado' nos outros, não é mais do que a frustração pelo que não consigo ver reparado em mim. E ao observar tudo isto com calma e tempo e carinho, rendo-me então à expressão última e primeira do amor: quando aceito e amo as imperfeições e fragilidades em mim, de repente estou a amar e a aceitar os outros."

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