quando não tens nome para por na legenda
eduardo sá
o escuro e a rotina
No escuro e na rotina aguenta-se
A rotina é o escuro da vida
Vai tudo engrenando sem pensar
Quem nada poe em causa nao precisa de escuro tem rotina
Quem queria outra vida refugia-se no escuro para pelo menos a rotina poder levar
Será tudo assim?
Às mães que (como eu) também fazem de pai
A ti que superas os medos, as angustias, o cansaço, a luta diária, não desistas: a recompensa pode não vir na mesma moeda mas vem da tua consciência, vem da nobreza de sozinha criares gente boa para este mundo.
É dificil sem ter com quem dividir, ter sempre que fazer escolhas por inteiro. Ter que trabalhar 24h, sem férias, nem feriados e sem salário. Porque quem vive tão junto todo o ano, não tem dia de folga no coração.
A ti que carregas a maior das responsabilidades, a mais elevada das missões: a de educar e criar, permite-te errar, dar dois berros e fechar a porta, uns minutos.
Tu não fugiste. Colocaste a felicidade dos teus filhos sempre em primeiro lugar.
Tu que recebes pensões como se fosses aposentada e nem metade das despesas cobrem.
Tu mulher guerreira, corajosa, assumiste os dois grandes papeis do teatro da vida, o de mãe e pai.
És quem ilumina e orienta. Quem dá colo, um sorriso e aquela palavra de conforto. O exemplo de vida e a autoridade que educa. Bem ou mal não hã lição para tal.
Tudo numa pessoa só, de tempos em tempos pesa. Vamos esquecendo que também a idade vai passando por nós, que aquele concerto é à semana então não dá para ir, que as despesas se multiplicam por mais. Que a mais nova não adormece sozinha e a cozinha continua por arrumar.
Sorrisos e lágrimas alternam no teu rosto porque o teu coração é maior que o universo e nele vive um amor infinito e incondicional pelos teus filhos, mas está consumido de preocupação constante.
Tu, que és mãepai mereces também um dia, uma homenagem, um elogio.
®️Rita’19
nó
noção de educar
The Way You Make Me Feel: Michael Jackson
Nuno Miguel Guedes
2011
Como se consegue ser indiferente a quem se ama?
Significado de Indiferença: Ausência de interesse; falta de consideração: indiferença pelos sentimentos alheios
Significado de Amar: Sentimento de afeto que faz com que uma pessoa queira estar com outra, protegendo, cuidando e conservando sua companhia.
Sou poeta de mão certa
capazes mas sem géneros iguais
Os géneros não são iguais! Eu não sou nem quero ser igual a um homem - eu, que gosto tanto de ser mulher. E não, nós não somos inferiores, nem superiores. Somos o outro género. O outro lado da moeda. O outro sócio da empresa. A outra peça da engrenagem. O outro pilar onde assenta a Humanidade. E na nossa igual e imensa importância, somos diferentes. E é nas diferenças - nas particularidades que nos distinguem deles - que reside a magia do ser-humano. E é na equidade de importância que exigimos os mesmos direitos, o mesmo respeito e iguais oportunidades, para ambos.
Agora, não, não contrario a minha feminilidade. Não vejo nela uma fraqueza. Não estarei, com certeza, a boicotar o futuro e a força da minha filha ao colocar-lhe laços cor-de-rosa no cabelo, ao inscrevê-la no ballet em vez de no futebol, ou ao vibrarmos juntas com filmes de princesas da Disney, se é o que ela quer e lhe dá prazer. Até porque aliado a tudo isso, ainda adora andar de skate e vestir-se de Darth Vader! E vou continuar a rejubilar de orgulho quando o meu filho me voltar a contar que fez frente ao rufia da escola para defender as meninas da turma, e ensiná-lo-ei que é isso que faz um verdadeiro cavalheiro - mesmo que já tenha visto por aí o conceito reduzido a janotas emproados com egos demasiado inflamados para dar licença a uma senhora. Sim, porque eu continuarei a apreciar um homem que me abra a porta do carro, me empreste o casaco quando estiver a tremer de frio, ou me “salve” numa situação em que esteja a precisar de ajuda, mesmo que eu não precise de nenhum para mudar lâmpadas, montar móveis suecos, ou ser, agir e pensar. Porque aceitar e apreciar o cavalheirismo não me diminui nem me retira o direito de lutar pelos meus direitos. Não faz de mim uma tonta vulnerável sem discernimento ou espírito crítico. Faz de mim, sim, uma apreciadora daquilo que podem ser maravilhosas singularidades de género que, em nome não sei bem do quê, cada vez mais se tentam diluir e eliminar das relações humanas.
Deixem-se de tretas quando dizem que nada disso deveria existir numa sociedade evoluída e igualitária, porque essas diferenças são parte da nossa identidade, da nossa essência, e da nossa história, e no dia em que estiverem definitivamente extintas, passamos a ser meros animais funcionais, sem resquícios de civilidade e das deliciosas dissonâncias que nos unem. Acreditem que são elas que dão tempero à vida.
Agora, "feministas radicais", podem vir com as foices e com os archotes.
Mas eu vou estar ocupada a ler os meus velhos livros da "Anita" à minha filha. E se um dia for ela a salvar o irmão, eu vou ficar igual e imensamente orgulhosa.”
Marta Aguadeiro