Sophia de Mello Breyner Andresen

«Na minha infância, antes de saber ler, ouvi recitar e aprendi de cor um antigo poema tradicional português, chamado Nau Catrineta. Tive assim a sorte de começar pela tradição oral, a sorte de conhecer o poema antes de conhecer a literatura. Eu era de facto tão nova que nem sabia que os poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste mundo dito por ele próprio.»

Sophia de Mello Breyner Andresen, Arte Poética V

Adeptos Marrokinos a caminho da Cidade Berço !

Vitória 2 - 1 Marrokinos

"Apito comboio, lá vai apitar.

Apito comboio, à beira do mar.

À beira do mar, mesmo à beirinha.

Apito comboio, no centro da linha.

À beira do mar, debaixo do chão,

Apito comboio lá na estação.

À beira do mar, debaixo do chão,

Apito comboio lá na estação"

Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha

Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço



Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"